Trauma de Celular
Meu celular tocou. Atendi. Ninguém falou. Até aí tudo bem, já estou acostumado com trotes de todo lado.
Ele tocou novamente. Dessa vez não atendi. Mas fiquei ensimesmado.
Novamente ele tocou. Desta vez alguém falou, com uma voz bem macia, aparentando alegria. Era uma amiga de infância, que a dias eu tinha encontrado. Me convidou pra sair, se divertir numa festa. Ao perguntar o local, em resposta, silenciou. E isso me intrigou.
Eu insisti na pergunta. Ela então me respondeu:
Querido amigo meu, não me pergunte o local, curiosidade faz mal. É uma surpresa legal!
E sorrindo ela insistiu... Vem. Se divertir vai fazer bem. Vem, vem, diz que sim, por favor, vem...
Combinamos o endereço para dali irmos à festa. Seria depois, bem depois, depois de o sol se por.
Fomos... O local era bem longe, onde morava um monge. Mas festa em casa de monge, eu perguntei para ela? Calma, calma. Muita calma nessa hora. Assim ela respondeu. Na verdade não é lá. É aqui no cemitério. Já chegamos, amigo meu. Um frio na espinha me deu!
Entramos no cemitério. Aquilo era um mistério! Que festa seria esta?
De repente eu avistei, saindo por uma fresta um ser tão horripilante, tão feio, tão horroroso, que naquele mesmo instante, eu que sou tão corajoso, estava ficando medroso. E a minha amiga de infância, fingindo me passar confiança, ia tomando distância, me deixando ali sozinho, vendo aparecer mais e mais, seres desproporcionais, rindo de mim bem baixinho. E depois iam aumentando o som daquelas rizadas, e eu com a mente embotada, acho que desmaiei.
De repente alguém me tocou. Era minha esposa dizendo: Ei, ei... Acorda meu bem. Está na hora de levantar.
Ufa... Que alívio! Fora apenas um sonho, ou melhor, um pesadelo, que às vezes insiste em me dar. Mas por muito tempo eu fiquei com...
Trauma de Celular