Conversando com um velho sábio, um alcoólatra argumentou assim:
Por que parar de beber para não morrer, se um dia eu vou morrer igual. E por outra, quem bebe morre, quem não bebe também morre! Então vou continuar bebendo.
O velho sábio contra-argumentou dizendo:
Você não vai morrer igual. Você vai antecipar sua morte. E isso é suicídio indireto. Você já pensou nos seus afetos? Como irão ficar? Beber, meu amigo, é um falso prazer. É também egoísmo, você está pensando só em si. Assim acabará privando seus afetos da sua presença aqui na terra por mais tempo, por causa de um falso prazer. Penso então, meu querido, que deixar de beber, muito mais bem vai lhe fazer, do que esse falso prazer de beber. Deixando de beber, você vai viver mais, vai até rejuvenecer. Vai poder desfrutar de outros prazeres, vai proporcionar mais alegria e prazer aos seus afetos. E bem provável ainda que irá conhecer seus futuros netos. Do contrário, perderá tudo isso. E além disso, não sei se você sabe disso, antencipando sua morte, você chegará no plano espiritual, tendo de prestar contas do cuidado que deveria ter com seu corpo físico, dado por Deus para uma passagem na terra, não para usufruir de falsos prazeres, mas para evoluir e crescer espiritualmente.
Chegando no outro lado da vida assim, antecipadamente, através de suicídio indireto, você não vai encontrar lá seus outros afetos, que já estão lá, mas por via natural da morte, sem antecipação. Você vai chegar lá na contramão. E encontrar é muitos desafetos. Que vão zombar de você, mas... você tem o seu livre arbítrio, você que decide.
Você já sabe que no seu caso, não deve mais beber nem socialmente. Até porque, beber socialmente não quer dizer, diariamente. Nem mesmo só nos fins de semana, imoderadamente.
Ele baixou a cabeça envergonhado. Agradeceu pelas palavras, prometendo mudar de vida.
Oxalá, ele não venha a ter uma recaída.